A obra poética de Vítor Nogueira tem conhecido uma recepção muito lisonjeira por parte da crítica, que saúda a excelente qualidade de livros como Senhor Gouveia (2006), Bagagem de mão (2007), Comércio tradicional (2008), Mar largo (2009), Quem diremos nós que viva (2010), Modo fácil de copiar uma cidade (2011) e Segunda voz (2014) — qualquer um deles solidamente estruturado em ordem a determinado tema, o que lhe confere uma consistência invulgar e constitui uma das imagens de marca da produção poética do autor.
É agora a vez de Vítor Nogueira se estrear na ficção, com o romance Amanhã logo se vê (Averno, 2015). O autor constrói um romance sobre a inocência (no sentido 'policial' do termo) posta em causa pelas aparências, em dois tempos: primeiro, a inocência que demora a ser reconhecida; depois a inocência punida com a morte. Referências à emigração para o Brasil, à perseguição aos judeus na Alemanha nazi e à exploração do volfrâmio ajudam a dar densidade histórica à obra, cuja acção central decorre aliás nos nossos dias e na nossa região.
Fluência narrativa, linguagem cinematográfica (com abundante recurso à técnica do Leitmotiv), pendor reflexivo, escrita moderna e algum ácido humor são características que fazem deste romance uma leitura a recomendar.
VÍTOR NOGUEIRA: ROMANCE DE ESTREIA
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