Esta pergunta, que é lugar-comum nos nossos reis e janeiras, serve também de título ao mais recente livro de Vítor Nogueira, publicado pela Averno, com sugestiva capa da artista vila-realense Daniela Gomes.
O miolo do livro, todavia, nada tem a ver com Trás-os-Montes e cânticos de Natal. Tem, pelo contrário, tudo a ver com a Ericeira e com os hábitos estivais. Mas é uma Ericeira ambivalente: aquela que o poeta frequenta para banhos e aquela donde, em 5 de Outubro de 1910, na sequência do triunfo da República, a família real partiu para Inglaterra. O livro cruza habilmente os dois momentos.
Neste livro, dividido em quatro partes com dez poemas cada, Vítor Nogueira confirma plenamente a grande qualidade da sua escrita e a coerência da sua voz poética. Nomeadamente, utiliza com mestria o comentário de senso comum e o Português coloquial, ‘de café’, com que interrompe (ou talvez antes, e paradoxalmente, realça) a seriedade do discurso.