João de Sá volta à poesia (vocação tardiamente encontrada), com este Pelo sinal da terra acabado de sair. É, por assim dizer, a continuação de E de repente é noite, de 2008, como se nesse livro algumas coisas tivessem ainda ficado por dizer e alguns sentimentos por declarar. Na verdade, João de Sá volta a um registo magoado de homem que se confronta com a finitude, embora temperando a angústia e o desencanto com um ou outro momento de optimismo e fé «na possibilidade do mundo» e uma ou outra evocação do paraíso perdido da infância, tempo em que «não receávamos as veredas / para o mais fundo da noite».
São poemas de uma beleza dissolvente e sombria, com a terra – a terra-húmus, entenda-se, na sua misteriosa obscuridade – em permanente pano de fundo. A dicção é contida, rigorosa, sem uma palavra inútil. Não nos restam dúvidas: João de Sá é um dos grandes poetas trasmontanos dos nossos dias.